Além das vivências com outras pessoas e feedbacks, atenção aos sonhos, meditação, atividades artísticas, leitura de fábulas, mitos e contos, enfrentamento de desafios e escrita em um diário, outra forma de se conhecer melhor é utilizando testes de personalidade. Dois deles estão acessíveis nos links http://inspiira.org/ e https://www.16personalities.com/br e podem ser feitos pela própria pessoa, respondendo algumas perguntas. Eles trazem um resultado básico que indica uma tendência de personalidade: se você tende a ser mais introvertido ou extrovertido nas suas atitudes e quais funções (sentimento, pensamento, sensação ou intuição) você mais costuma utilizar para tomar decisões, julgar, perceber, se relacionar, se vincular e se orientar na vida. Conhecer o seu tipo psicológico pode te ajudar a compreender as suas condutas e as das outras pessoas, ficando mais claras e compreensíveis as diferenças de “jeitos de lidar com a vida” que cada um demonstra no dia-a-dia. Seja no trabalho, na convivência com a família, no relacionamento amoroso ou nos hobbies e interesses.
Sempre houve o interesse e tentativa de entender o comportamento humano e classificá-lo em categorias para que ficassem mais nítidas as diferenças e peculiaridades de cada “jeito de lidar com a vida”, especialmente para compreender como um mesmo fato tinha interpretações e modos de lidar tão diferentes de uma pessoa para a outra. Uma das tipologias psicológicas é a de Jung, que é a base dos testes de personalidade que mencionei anteriormente (inspiira e 16 personalities). Nela estão descritas duas atitudes opostas: a introversão e a extroversão. A principal distinção entre elas se refere ao direcionamento de energia. O introvertido tenderá a aplicar suas percepções, julgamentos, ações, sentimentos e afetos para e a partir do seu mundo subjetivo, enquanto o extrovertido irá direcionar seu interesse para o mundo externo, para a experiência com o externo. Algumas características e sinais já aparecem desde cedo na infância. Algumas crianças irão demonstrar uma postura mais reflexiva e pensativa ao lidar com os objetos e uma certa resistência contra influências externas, outras irão adaptar-se ao ambiente de forma mais rápida, sem receio do desconhecido. As principais características do introvertido podem ser resumidas em: capacidade reflexiva, ponderação, autenticidade, paciência e intimismo. As do extrovertido: prontidão para agir, imediatismo, adaptabilidade e sociabilidade. São formas diferentes de lidar consigo mesmo e com o mundo externo e que irão influenciar nas decisões e interesses da pessoa ao longo da vida. Introvertidos irão priorizar seu próprio caminho, o autoconhecimento e a reflexão. Extrovertidos, a relação com as pessoas, a vivência de experiências e a aceitação externa. Ambos podem desenvolver características do tipo oposto, dependendo do momento de vida. Assim como assumir um novo cargo pode incentivar o introvertido a desenvolver sua comunicação e relacionamento para liderar uma equipe, um extrovertido pode voltar-se para si e buscar lidar com suas emoções para enfrentar um divórcio difícil, por exemplo.
Assim como ser introvertido ou extrovertido tem suas vantagens, há também os pontos desfavoráveis de cada perfil. Os introvertidos, se focarem o seu desenvolvimento unilateralmente, podem se tornar demasiadamente lentos para agir, tendo uma certa inércia e pouca efetividade em suas ações; também podem apresentar um pensamento circular, com dificuldades em tomar decisões, tornando-se indecisos; por serem autênticos, podem acabar não valorizando e considerando as demandas e necessidades das outras pessoas, podendo ser egoístas; por acreditar em seus pontos de vista e defendê-los, podem se tornar teimosos; e por buscarem fazer as coisas e pensar a partir de suas emoções e convicções, podem se isolar por não quererem abrir mão do seu jeito na convivência com outras pessoas. Os extrovertidos, da mesma maneira, caso se fixem em agir apenas a partir de sua zona de conforto, poderão se tornar reativos, por terem dificuldade de ponderar e refletir antes de agir; por não darem atenção aos aspectos interiores, podem desconsiderar, em consequência, os seus limites e os das outras pessoas, podendo ser inconsequentes; também podem ser influenciáveis, na tentativa de evitar conflitos e agradar socialmente, seja a família, amigos, colegas de trabalho, parceiros amorosos; podem ser negligentes ao longo da vida por não considerarem aspectos internos, como ir ao médico ou buscar ajuda emocional; e podem não reconhecer e aceitar as diferenças dos outros, por imaginar que todos devem ser iguais a ele. Essas são apenas tendências, não certezas que, se observadas, podem ser alertas para ajudar cada perfil a se desenvolver integralmente.
Texto de BRUNA L. PROCHNOW – Psicóloga Clínica – CRP 06/140066