Conhecer os tipos psicológicos: uma forma de lidar com os conflitos

30 de novembro de 2021

Conforme convivemos com uma pessoa, vamos percebendo a forma com que ela lida com a vida, com as experiências, com os desafios, com as pessoas e consigo mesma. Da mesma forma, ao longo da vida, vamos nos conhecendo também, percebendo quais são as nossas preferências, o que nos estimula, o que nos deixa aborrecidos e com quais situações lidamos melhor. Algumas pessoas irão pensar mais antes de agir, outras poderão ser impulsivas; algumas terão mais facilidade de falar sobre si mesmas, outras poderão travar nessa hora; algumas serão mais intuitivas, outras mais práticas; umas mais organizadas, outras com maior dificuldade de seguir uma rotina; algumas mais acolhedoras, outras mais reservadas; algumas irão analisar os problemas de uma forma mais ampla, outras mais pontualmente, sem considerar todas as variáveis; umas serão mais conceituais e lógicas, outras  irão seguir o coração.

A personalidade, então, tem uma infinidade de características e combinações que podem ser agrupadas em atitudes (introversão e extroversão) e em funções, que são formas de julgar e perceber o que acontece ao redor e internamente. O julgamento e a percepção são os norteadores nos quais nos baseamos pra tomar decisões, avaliar o que é bom e o que é ruim, definir qual estilo de vida queremos ter, quais pessoas preferimos ter por perto, que tipo de trabalho nos estimula, quais assuntos nos interessam mais, quais valores nos movem e qual o sentido da vida para nós. Todos temos duas funções que desenvolvemos mais ao longo da vida e duas que são menos usadas. Conhecer os tipos psicológicos não traz certezas, até porque vamos mudando algumas características ao longo do tempo, mas pode dar pistas sobre qual o nosso jeito de ser e, assim, permitir que sejamos capazes de perceber com maior sensibilidade a forma como as outras pessoas se comportam, ajudando, por exemplo, na convivência com personalidades diferentes e possibilitando lidar melhor com os conflitos. Basicamente, há 4 funções: intuição, sensação, sentimento e pensamento.

Para ter uma compreensão completa sobre o seu tipo psicológico é preciso considerar, num todo, a atitude (extroversão ou introversão), e as funções principal e auxiliar que você utiliza no dia a dia para tomar decisões, se relacionar, compreender e resolver as situações. Aqui vou falar bem brevemente sobre algumas características de cada tipo considerando apenas a função principal, ou seja, aquela que mais influencia no comportamento ao longo da vida.

Então, vamos lá! As pessoas com função principal:

– Intuição: tendem a considerar as situações globalmente, considerando os diferentes âmbitos de uma mesma situação; costumam ter um faro apurado para perceber questões mais subliminares, apreendendo realidades sutis e conseguindo ter sacadas e lidando bem com o futuro; são aquelas pessoas que consideramos místicas e inventivas ou até inovadoras, por se basearem nos seus valores, enxergando além do óbvio.

– Sensação: são aquelas pessoas que a gente conhece como “pés no chão”. Elas são práticas, lidam melhor com o mundo concreto, são pragmáticas e costumam não pensar muito antes de agir. Propensas a serem organizadas, detalhistas e atentas ao ambiente.

– Sentimento: tendem a ser empáticas, acolhedoras, sensíveis, dando bastante atenção e importância às relações interpessoais. Por isso, conseguem ser conciliadoras e tolerantes, criando uma conexão forte com quem convivem e dando prioridade às relações humanas.

– Pensamento: têm grande capacidade analítica e de abstração, fazendo uso predominantemente da razão e da lógica para compreender e resolver as situações, fazendo correlações, deduções e induções; tendem a ser pragmáticas e profundas em suas análises.

Aspectos sombrios de cada função

Ilustração: Instagram de @brookeshaden

Tipo intuição

Procurar reconhecer os aspectos inconscientes que influenciam nosso comportamento é super importante para que não projetemos nas pessoas e situações aquilo que não vemos em nós. Embora o comportamento humano seja uma miscelânea de diversas variáveis, condicionantes e possibilidades e, portanto, imprevisível e multifatorial, algumas classificações e tipificações podem nos ajudar a tornar os nossos aspectos sombrios mais compreensíveis e tangíveis, facilitando a estruturação de um olhar mais integral e maduro sobre nós mesmos. Saber o seu tipo psicológico, ou seja, os comportamentos que você tende a ter, além de revelar as suas potencialidades, facilidades, talentos e propensões, também ajuda a perceber aquilo que não é tão bacana assim e que defensivamente não consegue enxergar. Vou falar dos pontos cegos dos 4 tipos, começando pelo tipo psicológico intuição. Os tipos intuitivos são aquelas pessoas que leem as entrelinhas, farejam o invisível, têm uma visão ampla a respeito das coisas. Mas, em contrapartida, assim como os outros 3 tipos psicológicos (sensação, sentimento e pensamento), o intuitivo tem alguns pontos a serem observados caso busque um autoconhecimento mais integral da sua personalidade e lidar melhor com as situações sem ficar unilateral em seus comportamentos. Alguns pontos de alerta para o tipo intuitivo são: podem ter dificuldade para lidar com rotinas, horários, localização espacial, justamente porque são mais aéreos e focados em questões abstratas; por terem insights que as outras pessoas não têm e enxergarem as situações de forma mais abrangente, tendem a buscar convencer os outros de seu ponto de vista, podendo ser teimosos e irredutíveis; por estarem mais conectados aos aspectos espirituais, podem ser desatentos em relação aos fatos concretos, podendo ter uma falta de tato para lidar com o dia a dia, burocracia, padrões sociais, formalidades, podendo se mostrar inadaptado ao ambiente, apresentando uma certa confusão para se organizar e se expressar; por ser mais fluído e flexível, pode desconsiderar hierarquias e ignorar métodos e caminhos definidos, pois prefere seguir os seus valores. Lembrando que essas são apenas tendências de comportamento.

Ilustração: Instagram de @brookeshaden

Tipo sensação

O tipo psicológico sensação são aquelas pessoas que se pautam nos órgãos sensoriais para perceber, assimilar e interpretar o ambiente e lidar com as situações. Elas são realistas e focadas no aqui-agora, tendendo a ser bastante literais. Então, sendo mais pragmáticas e objetivas, podem ter uma necessidade de controle e checagem excessiva, tornando-se meticulosas e rígidas no dia a dia; por serem mais formais e materialistas, podem desconsiderar aspectos simbólicos, ficando muito conectadas apenas ao que é tangível e observável; por serem pé no chão e gostarem mais de lidar com coisas concretas, podem acabar fazendo análises reducionistas das situações, desconsiderando aspectos subjetivos. Lembrando que essas são apenas tendências de comportamento.

Ilustração: @francescociccolella

Tipo sentimento

As pessoas do tipo psicológico sentimento são aquelas que priorizam as relações, são acolhedoras e amistosas, tendendo a ser carismáticas e agregadoras. Um ponto de alerta para esse perfil é a questão da simpatia e da abertura exageradas que podem surgir no contato com as pessoas. Dependendo da situação, essas posturas podem ser desnecessárias ou descontextualizadas. E sendo mais passionais, as pessoas do tipo sentimento podem se tornar vulneráveis às emoções, tomando decisões e tendo atitudes injustas ou desarmônicas, justamente por não terem pensado antes de agir; também podem ser manipuladoras, usando a empatia e carisma para influenciar as pessoas conforme seus interesses; tendem a esperar que as outras pessoas sejam atenciosas e tolerantes como elas são e quando percebem que não há reciprocidade, podem adotar um comportamento de vitimismo; tendem a ser mais intensas por serem sensíveis às emoções, podendo ter comportamentos baseados em extremos, como adotar posturas e pontos de vista de intolerância preconceituosa ou de tolerância abusiva. Lembrando que essas são apenas tendências de comportamento.

Ilustração: Instagram de @francescociccolella

Tipo pensamento

O quarto e último tipo psicológico: pensamento. As pessoas desse tipo são racionais e analíticas, fazendo avaliações lógicas e abstratas das situações para lidar com a vida. Por conta disso, precisam estar atentas aos pontos cegos de sua personalidade para não se tornarem excessivamente impessoais e engessadas, presas aos fatos e desconectadas das relações com as pessoas. Além disso, por serem bastante críticas, podem desenvolver um nível de perfeccionismo que as impede de concluir as atividades, ou até mesmo de começá-las, por exigir uma qualidade idealizada. Também podem se apegar a métodos e explicações técnicas que trazem uma rigidez imprópria para a fluidez e a espontaneidade genuínas do cotidiano. Além disso, por se basearem na razão para perceber e avaliar os acontecimentos e relações, podem desconsiderar questões que não sejam mensuráveis e tangíveis, deixando de pensar em uma perspectiva mais ampla e simbólica das situações. Lembrando que essas são apenas tendências de comportamento.

Texto de BRUNA L. PROCHNOW – Psicóloga Clínica – CRP 06/140066

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